Evolução da Propaganda
Crescemos
acostumados com as inconveniências dos comerciais que interrompiam nossos
programas de TV aberta, rádio e até mesmo revistas e jornais, quando estas eram
as únicas opções de entretenimento e obtenção de informação. A situação não
mudou muito com a internet, pois logo surgiram os pop-ups e banners genéricos,
além de toda a sorte (ou azar) de spams. Hoje a técnica da Publicidade é tão elaborada que até mesmo
os psicólogos auxiliam na produção de material de comunicação, de acordo
com a tendência cultural e estilo de vida de quem se quer impactar.
Há relatos históricos do papel
da Publicidade desde a antiguidade. Os egípcios já utilizavam
técnicas de comunicação para estimular as vendas por meio de propagandas em
papiros e anúncios em cartazes. Mas elas eram utilizadas ainda de forma
intuitiva, não havia uma metodologia definida para alcançar o público-alvo.
Registros indicam que os primeiros anúncios com fins
comerciais foram
publicados em jornais da Inglaterra, em 1650. Naquela época, havia cerca de
seis anúncios, em média, em jornais diários de Londres. Cem anos depois, em
1750, era comum encontrar mais de 50 anúncios por edição. Nos Estados Unidos, o
primeiro anúncio de jornal foi publicado em 1704. Era um anúncio imobiliário.
Na virada
do século XIX, as mulheres ainda lutavam para conquistar mais espaço e
liberdade dentro de uma sociedade conservadora. Houve então uma grande sacada
das agências: se as mulheres eram responsáveis pela maior parte das compras da
família, por que não explorar o papel relevante delas na sociedade? Este
pensamento foi fundamental na valorização das habilidades femininas nos
processos criativos a fim de ganhar o mercado.
Há relatos
de profissionais que relacionam a influência das mulheres no universo
publicitário à criação da primeira propaganda com apelo sexual. A propaganda
era de um sabonete facial e apresentava a seguinte mensagem: “A pele que você
ama tocar”. Esta propaganda era ilustrada com a imagem de um casal. Na época,
este anúncio representou um avanço na utilização da sexualidade como ferramenta
publicitária.
Já a história
da propaganda brasileira surgiu bem antes dos nossos atuais “reclames”, mesmo
porque nos registros que datam de meados de 1800, data marco da história da
propaganda brasileira, a mídia televisiva não existia. Desde a sua origem até
os dias de hoje a propaganda passou por importantes e grandes mudanças
acompanhando as necessidades mercadológicas que revolucionaram o mercado
publicitário.
A história da propaganda brasileira nasce através de Pero Vaz
de Caminha e sua carta ao Rei D. Manuel, o Venturoso, de Portugal. O que, por
parte do Brasil e dos brasileiros, seria um exercício permanente de marketing
para escapar ao destino que Cabral lhe reservou: ser colônia.
De nossos índios - que pintavam papagaios para vendê-los
como araras, lesando o "consumidor" europeu, desprotegido de códigos
ou leis - até nossos camelôs - que buscam novidades e oportunidades, vale tudo
quando se trata de "vender" uma ideia ou produto. Ou seja: no Brasil,
a propaganda está no sangue. Mascates, ambulantes e tropeiros foram os
primeiros vendedores, pioneiros das vendas por telefone, catálogos e Internet.
Com chuva e sol, calor, subindo rios e montanhas, atravessando matas, de barco
ou em lombo de mula, a mercadoria era entregue nas mãos do freguês.
O sistema, eficiente, prosseguiu até a década de 50. Por
meios de transporte mais modernos, bolsas, tecidos importados, coisas da China
e da Ilha da Madeira eram levados aos lares brasileiros onde donas de casa, as
maiores consumidoras do País, compravam em sistema de crediário em que valia a
honra e a palavra. No Brasil
colonial, a propaganda de boca mostrou ser tão eficaz quanto panfletos colados
nos postes ou nas portas, que faziam a glória ou a ruína de qualquer um. E é
com Tiradentes, com seus panfletos, seus cartazes e seus "santinhos"
que o Brasil conhece a primeira campanha política para a Independência.
Sem a força da TV, do rádio, e sem saber o que era
Comunicação, Tiradentes e suas ideias chegaram a todos os lares brasileiros. No
final, o Brasil levou a melhor: o político foi enforcado, mas o País se
tornou independente. Com a vinda de D. João VI em 1808 e a criação da Imprensa
Régia, a colônia vira Reino e "civiliza-se". Enfim, o jornal é
oficialmente publicado porque, na verdade, o primeiro fora criado em Londres
por Hipólito da Costa, em 1806. Clandestino, de oposição, o "Correio
Braziliense" foi proibido de circular no Brasil. Só com a criação da
Imprensa Régia é que surge a "Gazeta do Rio", ainda em 1808. E depois
dela, os anúncios.
Jornal, classificados, agência de propaganda. Este trio
poderoso entra em cena em 1891, com a criação da "Empresa de Publicidade e
Comércio". Os anúncios eram uma espécie de classificados de maior tamanho.
E os grandes anunciantes, os remédios, fortificantes e elixires, prometem o
vigor e o bem estar das senhoras. Porém, era
comum encontrar propagandas falsas, pois não havia nenhuma regulamentação.
Diante da crescente necessidade de evitar transtornos aos veículos de
comunicação da época, teve início o processo de regulamentação das campanhas
publicitárias.
E então, o Rádio revoluciona a vida brasileira, trazendo os
jingles, a imaginação e o sonho. Ouvir "Jerônimo, Herói do Sertão" ou
o "Direito de Nascer" pelo rádio foram experiências, segundo nossos
avós, fascinantes. Estamos no início
dos anos 50, época da Rádio Nacional, dos programas de auditório, das disputas
de Emilinha e Marlene e dos fã-clubes organizados, apelidadas pelos cariocas de
"macacas
de auditório".
de auditório".
Nos anos dourados, a IAS, house-agency da Sydney Ross,
era a maior agência do País. Antes da criação do outdoor, a mídia era feita
em jornais, revistas, no rádio e nos bondes. Os cartazes colocados nas laterais
internas dos bondes foram extremamente criativos.
Crescemos
acostumados com as inconveniências dos comerciais que interrompiam nossos
programas de TV aberta, rádio e até mesmo revistas e jornais, quando estas eram
as únicas opções de entretenimento e obtenção de informação. A situação não
mudou muito com a internet, pois logo surgiram os pop-ups e banners genéricos,
além de toda a sorte (ou azar) de spams.
“A publicidade representa os hábitos de consumo de uma época e ajuda a
formar o retrato de um período”, disse Geraldo Alonso Filho, diretor do Instituto
Cultural da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Ao
pensarmos na evolução da propaganda no brasil não podemos esquecer da proibição
da publicidade infantil. Não é de hoje que se condenam
anúncios dirigidos aos menores. Sutilezas, como o apelo às
fantasias e personagens conhecidos, tem sido usados em profusão para manipular
as cabecinhas ainda em formação para que se tornem, antes do tempo, plenos
consumidores de produtos de todos os tipos.
O
ministro Herman Benjamin, condenou de maneira geral a publicidade dirigida às
crianças: “nenhuma empresa comercial e nem mesmo outras que não tenham
interesse comercial direto, têm o direito constitucional ou legal assegurado de
tolher a autoridade e bom senso dos pais. Este acórdão recoloca a autoridade
nos pais”.
Essa decisão foi uma vitória importante para o Instituto Alana. Com uma década de existência, a organização tem o combate à publicidade infantil como uma de suas principais bandeiras.
Essa decisão foi uma vitória importante para o Instituto Alana. Com uma década de existência, a organização tem o combate à publicidade infantil como uma de suas principais bandeiras.
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